São Gonçalinho: história, cavacas e curiosidades

Aveiro vira pequena «zona de caça às cavacas» todos os anos em janeiro — e por uma excelente razão: é a festa de São Gonçalinho, o santo (ou beato) que a cidade adora, com direito a promessas, ramos, danças e toneladas de… cavacas voadoras.

O essencial em duas frases

São Gonçalo de Amarante (carinhosamente «São Gonçalinho» em Aveiro) é celebrado no domingo mais próximo do dia 10 de janeiro; o ponto alto da festa é o atirar das cavacas do topo da capela para a multidão que acorre ao Bairro da Beira-Mar.

Em 2026, as celebrações decorrem de 08 a 12 de janeiro.

Uma pitada de história

A devoção a São Gonçalinho é uma das tradições mais queridas e peculiares de Aveiro, especialmente no Bairro da Beira-Mar, a zona mais antiga e histórica da cidade. A figura de São Gonçalo de Amarante — conhecido em Aveiro como São Gonçalinho — é celebrada todos os anos no início de janeiro, numa festa que combina fé, tradição popular e um espírito comunitário absolutamente único.

A lenda conta que São Gonçalinho era um frade dominicano conhecido pelo seu bom humor e pela capacidade de aproximar as pessoas. Em Aveiro, a sua imagem está ligada à proteção dos pescadores, ao fortalecimento dos casamentos e à resolução de pequenas “teimosias” da vida quotidiana. É também conhecido como o santo “casamenteiro”, embora aqui com um toque muito próprio da cultura local.

O centro desta devoção é a Capela de São Gonçalinho, construída no século XVIII, de forma octogonal e com vista para as antigas salinas. É ali que todos os anos milhares de pessoas se reúnem para cumprir promessas, assistir às celebrações e participar no momento mais famoso da festa: a distribuição das cavacas.

As cavacas — doces duros típicos da região — são atiradas do alto da capela por devotos que cumprem promessas ou agradecem graças alcançadas. Cá em baixo, a multidão tenta apanhá-las com mãos, chapéus ou guarda-chuvas virados ao contrário. É uma cena vibrante, alegre e bem-humorada, que simboliza partilha e abundância. O som das cavacas a bater no chão ou nas paredes tornou-se parte inseparável do imaginário aveirense. Pode encomendar AQUI CAVACAS SÃO GONÇALINHO 2026.

A festa combina ainda música popular, tradições marítimas, fé religiosa e um ambiente festivo que transforma o bairro numa verdadeira celebração de identidade local (VER CARTAZ SÃO GONÇALINHO 2026). São Gonçalinho não é apenas um santo venerado — é um símbolo vivo da cultura aveirense, uma ponte entre o passado e o presente e uma das tradições mais fortes e queridas da cidade.

Por que se atiram cavacas?

• As cavacas lançadas do alto simbolizam gratidão / pagamento de promessas ao santo — há quem explique a origem na ideia de o santo distribuir alimentos aos doentes (há versões em que se lançava pão para não contagiar) e, com o tempo, isso transformou-se no gesto festivo e comunitário que conhecemos.

• Hoje as cavacas usadas na festa são mais duras e há quem as embale por quilos (sacos de 5–10 kg são comuns) para arremessar — não é mimo, é logística.

Como é o ritual?

• No dia de homenagem acendem-se missas e procissões; no exterior, quando toca o sino, as cavacas são atiradas desde a platibanda/cúpula da capela e a multidão tenta apanhá-las — guarda-chuvas virados, cestos, mãos e muita algazarra.

• Há ainda rituais dentro da capela: a “entrega do ramo” (símbolo da mordomia) e a tradicional “Dança dos Mancos” — traços de folclore que permanecem vivos.

VER FOTOGRAFIAS bY DIOGO MOREIRA (https://www.instagram.com/saogoncalinho/)

Onde acontecem as celebrações?

As Festas de São Gonçalinho acontecem no coração do Bairro da Beira-Mar, a zona mais antiga e tradicional de Aveiro. É aqui, entre os canais, as casas coloridas e as antigas salinas, que se ergue a icónica Capela de São Gonçalinho, ponto central de toda a celebração.

As ruas envolventes enchem-se de música, luz, movimento e devoção popular, criando um ambiente único que mistura tradição, cultura marítima e espírito comunitário. A localização privilegiada, junto ao canal e ao Mercado do Peixe, transforma esta festa num cenário autêntico, vibrante e profundamente aveirense.

VER MAPA AVEIRO AQUI

Curiosidades divertidas (para contar à mesa)

• Já se falam em toneladas de cavacas lançadas na festa — números impressionam: em anos recentes a cifra chega aos milhares de quilos.

• As cavacas são duras de propósito: evitam partir ao cair, mas isso não impede algumas cabeçadas acidentais — por isso houve (e há) quem apareça com proteções improvisadas (capacetes, guarda-chuvas).

• A festa mistura devoção e folia: nem toda a gente tem prática religiosa profunda, mas toda a gente adora o bairrismo e a desculpa para celebrar em comunidade.

Um aviso prático (com carinho)

Leva boa disposição, sapatos confortáveis, um guarda-chuvas se quiseres tentar apanhar cavacas com estilo — e respeito pela alma religiosa do evento (é festa e romaria).

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