A História (Completíssima!) de São Gonçalinho em Aveiro
Se há festa que aquece Aveiro logo nos primeiros dias de janeiro — mesmo quando o frio aperta, as mãos congelam e o nariz ameaça cair — é a festa de São Gonçalinho.
EXPERIÊNCIASEVENTOSPATRIMÓNIO
12/11/20254 min ler


A História de São Gonçalinho em Aveiro – Entre Devoção, Cavacas e Muita Gente a Atirar Coisas do Telhado
Se há festa que aquece Aveiro logo nos primeiros dias de janeiro — mesmo quando o frio aperta, as mãos congelam e o nariz ameaça cair — é a festa de São Gonçalinho, o santo mais divertido, mais travesso e, possivelmente, o mais artilhado do país. Afinal de contas, qual outro santo inspira um povo inteiro a subir a um telhado para mandar cavacas à cabeça das pessoas? Pois. Só mesmo o nosso São Gonçalinho.
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Mas vamos por partes, que esta história é longa, saborosa e cheia de tradições que atravessaram séculos até chegar ao que conhecemos hoje.
Quem foi afinal o São Gonçalinho?
São Gonçalo de Amarante (ver biografia do São Gonçalo de Amarante AQUI) foi um frade dominicano do século XIII, conhecido pela vida simples, pela grande devoção e pela sua fama de casamenteiro e protetor dos navegadores. Era um santo próximo do povo, que gostava de música, dança e boas histórias — o que já explica muito da personalidade calorosa que Aveiro lhe atribui hoje.
A lenda diz que São Gonçalo ajudava moços e moças a encontrarem par, protegia quem ia ao mar e tinha um sentido de humor muito próprio. Aveiro, claro, identificou-se logo: cidade de gente de ria, de trabalho duro e com boa disposição suficiente para fazer uma festa religiosa parecer um Carnaval alternativo.
A Chegada do Santo ao Bairro da Beira-Mar
A devoção a São Gonçalinho instalou-se sobretudo no Bairro da Beira-Mar, o coração tradicional de Aveiro, terra de salgadeiras, pescadores, mulheres fortes e ruas que parecem saídas de um livro ilustrado.
A pequena Capela de São Gonçalinho, construída no início do século XVIII, tornou-se o ponto de encontro da devoção popular. Não é grande, mas é tão icónica que dispensa apresentações: branca, redonda, bonita e sempre abarrotada de gente em janeiro. (VER LOCALIZAÇÃO CAPELA SÃO GONÇALINHO)
É daqui, do seu simpático e ligeiramente perigoso telhado, que nasce a tradição mais famosa da festa.
Atirar Cavacas — Porque sim, porque é São Gonçalinho
O ritual dos votos é simples:
Alguém tem uma promessa a cumprir ou um pedido a fazer ao santo (coisas tão simples como “arranja-me trabalho”, “traz o meu amor de volta”, ou as clássicas “protege-me no mar” e “ajuda-me a casar”).
Em agradecimento, compra cavacas — um doce duríssimo, branquinho e capaz de deixar um galo respeitável.
Sobe ao telhado da capela.
E… atira!
O povo lá em baixo tenta apanhar as cavacas com tudo o que tiver à mão: chapéus, guarda-chuvas virados ao contrário, cestos, casacos, caçarolas, caixas improvisadas e, em casos extremos, apenas com as mãos e muita fé.
É uma cena que mistura:
devoção,
adrenalina,
riso,
habilidade atlética duvidosa,
e uma espécie de caos organizado.
E tudo isto ao som de concertinas, gritos de animação e aquele burburinho característico do Bairro da Beira-Mar em festa.
VER VÍDEO DO ARREMESSAR DAS CAVACAS (AQUI)
Mas… porquê atirar cavacas?
Existem muitas explicações, como em todas as tradições antigas:
Diz-se que o gesto simboliza o “dar e receber” entre o devoto e o santo.
Alguns afirmam que é uma forma de oferecer um bem doce à comunidade.
Outros dizem que tem raízes em rituais pagãos de fertilidade e fartura.
E há quem defenda simplesmente que sempre se fez — e se sempre se fez, é porque está certo.
A verdade é que a tradição pegou tão forte que hoje ninguém imagina São Gonçalinho sem cavacas a voar.
As Cavacas – Doces, Durinhas e Perigosamente Tradicionais
As cavacas de Aveiro não são biscoitos. São projéteis abençoados.
Feitas de farinha, açúcar e claras, ficam duras como mármore — não por maldade, mas por tradição.
Dica importante:
Nunca tentes apanhar uma cavaca com a cara. Nunca.
ONDE COMPRAR E COMO ENCOMENDAR CAVACAS (AQUI)
Apelamos a que façam o vosso pedido de encomenda com brevidade através de um dos seguintes meios:
• Redes Sociais da Mordomia (Facebook / Instagram) VER AQUI
• E-mail: mordomia.sgoncalinho@gmail.com
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As reservas são limitadas ao stock existent
A Festa – 5 dias de devoção, cultura e muita animação
A festa decorre normalmente na primeira semana de janeiro e transforma o Beira-Mar num cenário vibrante:
• Andores, missas e rituais religiosos
A devoção é real. O santo é muito querido e as cerimónias atraem famílias inteiras.
• Concertos e folclore
Há música para todos os gostos, desde grupos tradicionais a bandas mais modernas. VER CARTAZ PROGRAMA (AQUI)
• Tascas, petiscos e caldo quente
O frio aperta, mas o povo combate-o com boa comida e copos bem servidos.
• O famoso “Cortejo dos Ramos”
Uma das tradições mais antigas, cheia de simbolismo e participação da comunidade.
• E claro, os “lançadores” lá em cima do telhado
O momento mais esperado, fotografado e comentado.
O Espírito da Festa – Aveiro no seu melhor
A festa de São Gonçalinho não é só religião. É identidade.
É o encontro entre passado e presente.
É o Bairro da Beira-Mar a mostrar-se no auge da sua alma comunitária.
É uma daquelas festas que:
junta famílias,
atrai curiosos,
diverte turistas,
e faz os aveirenses suspirarem de orgulho.
Porque Aveiro é assim: bonita, doce, acolhedora… e ligeiramente maluca de vez em quando. Mas da melhor maneira possível.
Por que São Gonçalinho continua a ser tão especial?
Porque é um santo do povo.
Porque é uma festa única em Portugal.
Porque nenhuma outra celebração te oferece:
tradição religiosa,
humor involuntário,
doces voadores,
música,
e comunhão genuína.
São Gonçalinho é Aveiro — e Aveiro é São Gonçalinho.
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